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quarta-feira, 28 de maio de 2014

AO EGO COM CARINHO (Por Rosam Cardoso)

AO EGO COM CARINHO

Agradeço ao ego tudo que, ao longo desta existência, lutou para proteger, orientar, organizar e defender. A tudo que desde tenra idade construiu, atitude após atitude, num comportamento fiel e dedicado de prestação de serviço para o bem comum do meu ser.

Agradeço de coração a refinada teia de medos, suspeições e receanças que compuseram o arcabouço de defesas perante o mundo externo e interno, arquitetadas junto aos sentidos e as glândulas – guardiãs do portal das ameaças e gestoras hormonais dos líquidos e emoções.

Rendo graças a cada momento de timidez, ansiedade, sudorese, angústia, falta de ar, taquicardia, irritabilidade, raiva, ressentimento, constipação, ambivalência, indecisão, arrogância, orgulho, desmaio, apatia, ciúme, controle, teimosia..., a cada estado instaurado no decorrer de minha criação e que me defendeu das consequências da falta de presença, de compreensão, de amor e de perigo nas esquinas e becos das relações.

Agradeço-lhe por cingir todo preconceito, moral, preceitos e rotulações que nortearam a forma de como li o mundo e como me comportei diante dele.

Compreendo que as memórias foram se acumulando uma a uma e se transformaram em sólida armadura, a ponto de me tornar previsível e rotineiro. Agradeço também por isso. Por saber que o ego nada mais quer do que minha segurança.

Regozijo-me por sua fidelidade em cada instante em que meus pais não tiveram paciência, disponibilidade e transferiram para mim suas dores, decepções, frustrações e projetaram seus sonhos e expectativas. Eles só sabiam amar na dimensão de sua consciência. E como me amaram! Também eles não foram despertados ao amor próprio e deram o que, para eles, era o melhor. Entre tapas e beijos, o sumo, proporcionou-me a oportunidade de continuar.

E tu, meu ego, por mais que soubesses temperar minha armadura emocional e racional, sobraram frestas por onde os fluidos do meu ser autêntico puderam almejar libertar-se como alma desnuda.

Sei que sua história remonta ao primeiro instante em que comecei a ser “eu”. Quando o real não era a realidade, mas o real de realeza, de príncipes e princesas alados na magia do devir, quando a memória ainda guardava vibrações amnióticas e tudo era mistério.

Sei que tu és a joia arquitetada pela natureza para resguardar minha sobrevivência a todo custo, mesmo que para isso tenhas que escamotear meus sonhos, desejos e vontades.

Por tudo isso, honro-te como meu parceiro destemido.
Amado amigo que suplantou todos os perigos para me trazer até aqui.

Agora, velho companheiro, despeço-me de ti como controlador absoluto e coloco-te em lugar de honra no altar de minha consciência. Todos os ensinamentos foram assimilados e o que era ego, transformou-se em eco de minha essência e está em estreito elo com minha alma. Agora fazes parte, não és a parte que domina a minha mente.

Antes pensava ser complexa a maturidade, mas hoje compreendo que quanto mais maduro, mais simples, mais direto, mais aberto, mais empreendedor, mais sincero, mais afetivo, mais compassivo, mais intuitivo, mais livre para viver e transformar a insegurança do “eu preciso”, na assertividade do “Eu Sou”.

(Por Rosam Cardoso)

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INOCÊNCIA -

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AS FOTOS SÃO DE UMA GAROTINHA CHAMADA TIPPI, NASCIDA EM NAIROBI, ÁFRICA EM 1990. CRESCEU NA SELVA COM SEUS PAIS, QUE SÃO FOTÓGRAFOS FRANCESES DA VIDA SELVAGEM. ELES DOCUMENTARAM A VIDA DE SUA FILHA COM OS ANIMAIS.


UM VAJRA-MANDALA LAMAICO

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Permanecer, transparente

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