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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Despertar

A idéia de separação é responsável pela busca.
Satsang propõe o encontro com a Verdade.
A dualidade gera conflito e põe a possibilidade de realização associada ao tempo e a uma conquista.
Mas, através de uma investigação precisa, é possível descobrir que todos os velhos conceitos que sustentam o mundo e regem a sua vida, não passam de nuvens, Pensamentos.
Satsang é como o amanhecer que revela o fim da escuridão.
Satszang é o encontro entre o visitante e o anfitrião, onde dois não cabem.
Satsang é a porta aberta, sem paredes, com ingresso para o céu infinito.
Aqui e Agora.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tristeza inventada

Quando você nota, pela sua maturidade, que não existe absolutamente nada do lado de fora que possa satisfazê-lo, então você olha "para dentro" pela primeira vez. Enquanto você ainda acredita que existe chance, quando você ainda tem "esperança", você ainda está olhando para o lado de fora. Quando você se "des-espera", ou seja, não mais espera por absolutamente nada de ninguém que apareça a sua frente, por saber, retilineamente, com muito carinho e compaixão, que ninguém do lado de fora pode dar a você o que você está buscando; aí sim, não existe mais conflito com o lado de fora. Você não espera nada de ninguém. Você vê o outro com total serenidade - ele pode ou não satisfazer você - você não se envolve. Isso é permanecer no momento: "eu não me iludo com absolutamente nada. Porque tudo é passageiro". E é aí que começa a busca verdadeiramente real. É aí que começa o Satsang. Porque aí você só vai precisar encontrar aquele que sozinho encontrou, e vive em paz com essa Realização.
A sua natureza já é satisfeita em si. Você não precisa de nada! Tudo o que você precisa, você já tem. É claro que você não acredita. É claro que o seu trabalho aqui é encontrar sentido em tudo o que estou compartilhando, e experimentar no dia-dia. Quando você sofre ou quando você se ilude com uma alegria extrema em relação a um objeto qualquer que apareceu na sua consciência naquele instante, em pouco tempo você descobre que não era nada daquilo que você estava pensando. Se você já teve essas experiências, você pode criar um afastamento, esse afastamento é inteligente. Esse afastamento é Meditação, é estar no mundo, sem fazer parte dele.

Você precisa ter muito zelo com as experiências que você tem, com todo esse hábito que você tem as coisas se tornam automáticas, "inconscientes": "Eu faço assim, porque eu já fiz ontem do mesmo jeito". Zelo! Atenção! Eu observo as árvores e elas não choram porque os frutos caem de maduros, choram? Você já viu alguma árvore triste porque caíram todas as folhas no inverno? Não, não é!? Sua tristeza é inventada!

O hábito nos diz que tem de ser feita alguma coisa. A voz do Silêncio diz que nada precisa ser feito, que tudo está bem do jeito que está. Não faça nada! As coisas vão acontecer por si mesmas. Note que todos os seus movimentos na vida têm sido influenciados por algo transcendente, por algo maior que você. Note isso com atenção e veja que nada precisa ser feito. Porque a idéia de que se precisa fazer algo é uma idéia bem egóica: "eu preciso fazer algo, para depois dizer que eu fiz algo". Mas se você não faz nada, você não vai ter como dizer que fez alguma coisa... Isso é desapego - inclusive a idéia de quem faz. Dê-se conta disso e verá! "Sim! Eu não preciso fazer nada. Eu posso permanecer silencioso. E posso, porque essa é a minha natureza. Eu apenas tenho que notar! E isso não impede que eu pense". Os pensamentos irão existir...

Existe uma idéia, que é comum e equivocada, de que Meditação é nunca mais pensar. Como é que você vai parar de pensar? Se eu sigo essa idéia à risca ("Eu preciso parar de pensar"), supõe-se que eu, espontanemente, voluntariamente comecei a pensar. E se for verdade que eu, voluntariamente, comecei a pensar, eu, voluntariamente, posso parar de pensar. Mas, se vocês observarem verão que seus pensamentos não são vontade de vocês. Que não é a sua vontade que decide quando é que você vai pensar ou não. Os pensamentos existem. Quando você se dá conta de que os pensamentos que ocorrem não foram voluntariamente trazidos à tona, você se dá conta de que é ineficaz ou equivocado pensar que pode pará-los. "Se não fui eu que os criei, como posso descriá-los?"

O Silêncio do qual a Meditação fala é um destacamento, um desapego, é um ir para um outro lugar onde os pensamentos permanecem ali, mas você não está pensando. Simplesmente porque não é mesmo você, em essência, que está pensando. Os pensamentos estão ocorrendo, e você os está observando. Mas você já leu e, equivocadamente entendeu através de algumas pessoas, que tem de parar os pensamentos. Mas esse "parar os pensamentos" implica (e de novo eu volto ao começo) que alguém tem de fazer esse parar. Não tem de parar os pensamentos, só tem de ver que os pensamentos não são você.

Pergunte-se, com fidelidade, de Verdade: quem quer parar de pensar? Você não vai encontrar um alguém. Você só vai encontrar um outro pensamento, que você tomou como sendo você. De repente, é como se você desejasse que o mar parasse de fazer ondas. Você está sempre atentando aos pensamentos, e gostaria de parar de pensar. Quem é que gostaria? Quem é que pensa esses pensamentos? Ou, antes de mais nada, esse pensamento não é apenas mais um pensamento dentro daquela tela de pensamentos que você quer remover? Agora, como é que um pensamento pode remover um outro pensamento? Você não pode. Você tem apenas que ver que o pensamento está fazendo o papel dele, não se envolva. Descubra qual é o seu papel. Se é que tem algum papel a ser feito por você... Ou melhor, existe apenas um papel a ser feito por você: não faça nada!

A sua mente precisa de luz, ela precisa sair da confusão em que se encontra. Confusão de equívocos, porque você viveu até hoje num mundo onde as pessoas não sabem nada disso. E o pior é que você entrou no caminho da Meditação e da Terapia, e de novo encontrou pessoas confusas, que confundem certas coisas, que são inadequadas. Por exemplo, tem gente que diz que pode haver a paz no corpo, e isso é impossível. A paz no corpo pode acontecer, mas apenas temporariamente. É só marcar uma massagem, você ficará "em paz" pós-massagem, mas depois vai embora aquela paz. Tanto que você precisará marcar uma outra sessão. De tanto em tanto tempo, o corpo precisará de uma massagem. O corpo precisa de uma massagem na medida em que fica tenso com a tensão que ele percebe, com a tensão que ele vive. No momento em que você não mais fica tenso com a tensão dos pensamentos, você está livre. Por si só, o corpo e os pensamentos relaxam, você não fica mais tenso. Porque a tensão do corpo e dos pensamentos é baseada numa idéia interna (que é um outro pensamento) que diz que você não pode ficar "assim". Mas por que não poderia? Onde está escrito?! É certo que você deseje que as coisas não sejam assim, mas você precisa levar esse desejo a sério? Você precisa se envolver nesse desejo? O meu convite é para que você deixe que todos os desejos venham e possam ir. Não se envolva! Permaneça como observador. E você pode fazer isso, porque essa é a sua natureza.

Sente e fique quieto! Eu sei que vai vir o pensamento: "Ah! Eu poderia colocar uma musiquinha, iria ficar mais agradável." Você ouve esse pensamento, esse desejo, e deixa passar. Você não põe. Continua parado! Aí vem um outro pensamento: "Bem que eu poderia tomar um chá, agora". Você novamente ouve, e não faz nada. Você vai ver um monte de desejos surgindo, porque todos os desejos tentarão "tirará-lo dali" e, eles só "o tiram", na medida que você faz alguma coisa, que você os atende. Se você não faz nada, eles vão tentar, tentar, tentar, até que param. Mas a sua atenção, o seu zelo, tem de ser total. Você tem de ficar "ali". Muitas coisas irão aparecer...                  



Satyaprem.


Deixa-a ... E continue sentindo o centro.

E quem é você?

P: Eu sou o Eu. Mas meu ego, minha mente...

Agora começam as complicações... Se você é Você, você precisa de mais alguma coisa?

P: Não! Agora, nesse momento, não existe nada disso: da mente, do corpo...

Eu estou apontando o que é esse complexo chamado você. Tem um 'você' que é inexistente, que é falso, e tem outro que é real.
Se eu lhe desse a chance de escolher entre esse 'Eu' que é você e esse 'eu' que não é, o que você escolheria? O que precisa ser feito?

P: Nada.

Quem é que supõe que você é esse outro 'eu'?

P: O próprio.

Então, você precisa deixar de supor?

P: Não...

Você pode deixar a mente supondo o que ela quiser. Pois se você vê quem você é, você não se importa mais com o que ela supõe.
Inclusive você resolve as suposições dela na hora, no momento presente. Ela vem com as suposições dela e você não dá atenção.

P: Isso é o que significa estar no mundo, sem ser do mundo?

Exatamente. Isso é estar acordado.




 

Trecho de um diálogo entre Satyaprem e o participante de um
'Satsang Intensivo' em São Paulo - Março / 2006

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O que percebe tudo que há...

Chegamos ao ponto de reconhecer que tanto a dor quanto a alegria, tanto o choro quanto a risada, tanto o criminoso quanto a vítima... são a mesma coisa.
Essa é a minha chamada de hoje.
Nós estarmos aqui para ver, com toda a clareza, que aquilo que somos compreende tanto uma coisa, quanto a outra.
Este pequeno poema do Thích Nhât Hanh, um monge vietnamita, nos convida exatamente a essa visão:
Por favor, me chame pelo meu verdadeiro nome,
para que possa acordar
e a porta do meu coração seja aberta,
a porta da compaixão.

Qual é o seu verdadeiro nome?
O nosso encontro tem só essa função: chamá-lo pelo seu verdadeiro nome.
E não somente chamá-lo pelo verdadeiro nome, como chamá-lo de volta para o verdadeiro você.

Satyaprem

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Prem Baba - Iluminado

Baba, Prem Baba

O pai do amor, Prem Baba, é o guru brasileiro que conquistou seguidores em todo planeta


Durante uma vida de buscas, soube de muitas histórias de pessoas que se iluminaram. Tive o privilégio de conhecer o guru indiano Osho, do qual fui discípulo durante anos. Quem teve a felicidade de estar com ele conhece bem seus ensinamentos e sua energia. Neste mundo tresloucado e saturado de verdades emprestadas, tornou-se um trabalho de Hércules encontrar uma senda verdadeira. Gurus, mestres espirituais e iluminados surgiram nas últimas décadas como trios elétricos no Carnaval de Salvador. Na última viagem que realizei à Índia, onde fui peregrinar no Khumba Mela em Haridwar, conheci um guru autêntico em Rishikesh e, acredite, ele é brasileiro. Seu nome: Sri Prem Baba.
"Muitos vão ter que se mudar, vão ter que mudar de planeta".
- Desencarnar? "Sim"
Nascido no dia 9 de novembro de 1965 no bairro da Aclimação, em São Paulo, ele foi batizado Janderson Fernandes de Oliveira. Ao longo dos anos, formou-se em psicologia e mergulhou como uma fênix nos estudos da psique humana. Desde cedo foi um jovem ligadíssimo na busca espiritual e pesquisou técnicas orientais e xamânicas. Fundou um centro terapêutico, onde desenvolveu atividades mesclando técnicas de meditação transcendental, terapia junguiana, Reich, artes marciais, Osho, bioenergética e massagem. Um verdadeiro alquimista da nova era vivendo do experimentalismo empírico.
"Você acredita que escolheu o guru, mas você não o escolheu. O guru já o escolheu há muito tempo"
Por anos, ele deu aulas para centenas de pessoas, mas, no fundo do coração, sabia que faltava algo. Aos 32 anos, teve a visão que transformou sua vida. Um velhinho de barbas brancas o chamava para ir a Rishikesh, na Índia. Lá encontrou seu guru, Sri Hans Raj Maharajji. Em 2002, Sri Prem Baba iluminou-se. Quando surge a iluminação, ou a pessoa se torna absolutamente silenciosa, ou explode em canções. A vida de Prem Baba (Pai do Amor) se tornou uma melodia cósmica. Seus ensinamentos espalharam-se por vários cantos do planeta - do Brasil à Índia, passando pelos States e Europa. Por onde passa, milhares de pessoas são magnetizadas por suas palavras. Sim, amigos, Prem Baba tem o talento de guiar pessoas. Ele é um iluminado. Como ele diz: "A chave, o solvente universal que supera as distinções, transcende julgamentos, divergências e dogmas, é o Amor. Você acredita que escolheu o guru, mas você não o escolheu. O guru já o escolheu há muito tempo. Como você sabe se está diante de seu guru? Somente existe uma chance, quando você sente a Graça fluindo". A seguir, o Pai do Amor fala.
Quem é Prem Baba?
Prem Baba é um mestre espiritual que está trabalhando firmemente com o propósito de acordar o amor em toda a humanidade. Estou trabalhando para fazer pontes entre mundos. Entre o Ocidente e o Oriente, entre a ciência e a espiritualidade, entre a floresta amazônica e o Himalaia. Esse é o meu trabalho no mundo inteiro. Mas aqui, Rishikesh, é o epicentro. Aqui está o nosso Sachcha Dham Ashram, onde eu recebo aqueles que vêm à procura de conhecimento, paz e alegria ou em busca de respostas para os enigmas da vida.

Como tudo isso começou?
Quando eu nasci [risos]. Ainda criança comecei a questionar os mistérios da vida. "Mãe, quem foi que fez o mundo?" "Foi Deus." "Mas quem foi que fez Deus?" "Não pensa nisso que você fica louco." E com 7 anos de idade eu entendi que esse seria o motivo da minha existência: encontrar respostas pra esses enigmas. A princípio eu queria encontrar Deus por meio da ciência. Fui à matemática e à física tentar encontrar respostas. Depois busquei as escolas iniciáticas, os mestres espirituais e as religiões horizontais. Tornei-me um terapeuta, um psicólogo, um líder humanitário com muitos seguidores. Porém, ainda mantinha no meu coração a angústia da hipocrisia. Porque sabia que eu era um cego guiando outros cegos. Foi aí que eu mergulhei dentro de mim, à procura de uma resposta e eu tive uma visão.

Quando isso aconteceu?
Com 12 anos, comecei a praticar ioga e ouvi, pela primeira vez, um
Bhajan, um mantra cantado para Narayam Sitaram, que é uma manifestação divina, cultuada na Índia. Ouvi dentro de mim: "Quando você fizer 33 anos, vá para a Índia, para Rishikesh". Foi uma tremenda surpresa porque eu não tinha nenhuma ligação com a Índia e não sabia absolutamente do que se tratava.
Onde isso ocorreu?
Em Guarulhos, com a professora Teresinha de Jesus Ribeiro. Ela foi a minha primeira professora de ioga.

Qual foi sua reação?
É evidente que me esqueci disso. Isso ficou nos porões do inconsciente. Fui viver a vida e passar por tudo que um jovem passa. Até que entrei numa profunda crise existencial, buscando coerência entre o que eu falava e o que eu fazia. Foi aí que mergulhei fundo dentro de mim e tive uma visão. Um velho de longas barbas brancas que estava no Himalaia dizendo: "Quando você fizer 33 anos, venha para a Índia, para Rishikesh". Estava em São Paulo e morava em Higienópolis. Tinha 32 anos.

Fez as malas e foi para a Índia?
Nessa época, eu me casei e fui passar a lua de mel na Índia. Conheci muitas cidades, encontrei alguns homens iluminados. Mas nada mudou. Não senti nenhum preenchimento, nenhum sinal. Até que, quando me aproximei de Haridwar, fui inundado por uma luz. Uma luz branca que me envolveu e me trouxe uma mensagem na forma de uma música. E aí eu cantei: "Iluminou e clareou/ Divino Deus/ Com seu resplendor/ Do coração vem o frescor/ Divina mãe/ De caridade mostra a bondade acalmando a dor/ Florindo os cantos com seu amor/ Pedi conforto e entendimento/ Clareou a luz de conhecimento/ Em concentração no Deus verdadeiro". E entrei em êxtase.



Janderson da aula de ioga em 1985
Janderson da aula de ioga em 1985
Onde aconteceu? Num centro de ioga à beira do rio Ganges?

Não, dentro de um Ambassador [carro das antigas na Índia] sem ar-condicionado! [risos] A caminho de Rishikesh. Toda a minha angústia desapareceu. Tive a clareza de que estava no rumo certo. Quando cheguei a Rishikesh, bati na porta do Sachcha Dham Ashram e fui recebido pelo Maharajji. Ele era o mesmo velho de longas barbas brancas da minha visão. Naquele momento, caí aos pés dele. Ele disse: "O que falta pro seu processo é se entregar a um guru vivo". E ali recebi minha iniciação espiritual. Três anos depois, acordei e pude manifestar a presença divina de Sri Prem Baba. Isso foi há oito anos. Desde 2002, venho trabalhando em prol da paz mundial, em ajudar o ser humano a transitar do sofrimento para a alegria.

Nós, seres humanos, vivemos situações muito turbulentas. Existe um método para passar do sofrimento para a alegria?Sim, existe. Esse método eu recebi no dia da minha iluminação. Nesse dia, eu estava vivendo episódios de samadhi [êxtase] e a experiência da comunhão com o todo, a experiência da unidade.
Com o cosmo, com Deus?
Com Deus, se você quiser chamar assim. Ou com a existência. Ou com a vida. É um momento em que você se sente preenchido, completo. As perguntas desaparecem.

Os obstáculos não existem mais?
Não. Você se sente preenchido pela graça divina. Todas as respostas chegam. É o fim da busca. Mas eu entrava e saía desse estado. Eu entrava e logo caía de novo nesse vale de lágrimas e ranger de dentes que é a nossa vida.

A conexão não ficava?
Não. Até que me lembrei dos ensinamentos do meu guru, que me disse: "Não importa onde você esteja, chame por Deus de verdade, que ele virá". Aí, desci até a beira do Ganges, sentei em uma pedra e meditei. Fiz uma oração. Ali tive um insight. Descobri que ainda estava apegado à guerra nossa de cada dia. Ainda estava comprometido com o círculo vicioso do sadomasoquismo. Existia dentro de mim uma intencionalidade negativa. Nesse momento, ouvi Mãe Ganga falar: "Veja como eu sou livre, a nada me apego". Nesse momento, entrei em êxtase novamente. Quando voltei pro estado ordinário de consciência, percebi que havia dois dentro de mim, um verdadeiro e um falso. Dei uma grande gargalhada e achei o caminho. Subi pro quarto do Maharajji e ele estava rindo. E então falou: "Agora você é um guru e está livre para ensinar como quiser".

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Encontro com sadhu Amar Bhati em Haridwar
É uma grande responsabilidade, não?
É, mas nesse momento veio junto um método. Um método que começa com a identificação dessa intencionalidade negativa. Existe alguém responsável pelas repetições negativas que acontecem na vida e sabotam as chances da felicidade. Quando esse alguém é identificado, é possível a transformação.

O planeta está passando por uma grande transformação, parece que está à deriva. Vemos as mudanças climáticas, o aquecimento global, terremotos, vulcões em erupção. Onde iremos parar?É uma boa pergunta. De fato, esta é a maior mudança da história deste planeta. Sinto que aqueles que estão sintonizados, podendo receber os novos códigos geométricos de luz que estão sendo instalados, vão ficar muito bem. Mas muitos vão ter que se mudar, vão ter que mudar de planeta.
Desencarnar?
Sim.

Temos que preparar o nosso coração pra essa grande mudança?
O que podemos fazer é aprender a lidar com as consequências da mudança. Mas, mudar mesmo, não dá mais tempo.

Prem Baba, tá um baita calor aqui.
Vamos dar uma volta. Vamos respirar o ar lá fora, dar um mergulho no Gonga [o rio Ganges]. Olhe o pôr do sol. Você respira paz.

Por que as pessoas dão três mergulhos nos locais sagrados?
É uma ciência da numerologia. O três representa a perfeição, equilibra o dois. Largura, altura, profundidade. Positivo, negativo e neutro.

* * *
Agradecimento especial:
Arthur viajou com a operadora Latitudes "viagens de conhecimento"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Agora.

Quem tem olhos para ver, verá.
Não há como perder a Verdade, tampouco ganhar - porque ela não vai a lugar algum.
Parece que pode ser perdida, mas só parece.
Você vê o que está sendo apontado?
Em menos de um segundo, o que resta do seu passado?
O que resta do seu futuro?
Onde fica seu nome, sua forma ou qualquer outra descrição?
Devi disse:"Além do espaço, além do tempo, além dos nomes, além das descrições".
Como essa revelação penetra no seu dia-a-dia?
Este é um verdadeiro caso de amor: quando você se dá conta do que está sendo revelado.
Esse caso de amor é entre você e o que é revelado, não entre você e o Satyaprem.
Assim, os frutos são todos seus.
A bem-aventurança é toda sua.
Em nossa cultura, não existe nenhum tipo de educação que nos torne responsáveis pela nossa bem-aventurança.
Pondere e veja se existe alguma relação amorosa entre você - essa entidade fictícia - e o sumidouro que o Silêncio é.
Realmente existe a necessidade de uma breve e profunda reflexão a esse respeito.
Porém, ela não passa pelo corpo, nem pela mente.
Trata-se de um entendimento.

Satyaprem
Trecho do livro - "Você é o buda"

Religar

Uma busca intensiva da realização de quem está dentro de ti. Onde idéias de quem somos, ou de quem pensamos ser, resultam superficiais, por sabermos que são idéias emprestadas de outras pessoas. Uma busca, então, de uma experiência direta e intransferível de quem você é. Uma busca do teu ser essencial, um salto ao desconhecido. Um processo altamente estruturado no modelo dos monastérios zen, onde o silêncio e o isolamento são usados para apoiar a essa tua busca.



"Esta técnica é para acordar as nossas partes adormecidas... Nós não sabemos nada à respeito daquilo que dorme dentro de nós. Nós não sabemos quem ela é, nós nem mesmo sabemos seu nome. Nós só podemos fazer uma coisa - nós podemos perguntar com nossa total energia: "Quem sou eu?" E se perguntada com total energia e intensidade, então devagar, vagarosamente as camadas adormecidas dentro de nós começam a acordar. E um dia esta questão chega ao mais profundo do teu ser... então a resposta começa a vir daquele que reside profundamente dentro de você como quem você é..."

"Existe somente uma condição para esta meditação. E a condição é que você pergunte com a totalidade do teu ser".
OSHO


Imediato

Estar presente é o bastante!
Nada a ser feito...
Nada a acontecer...
Simplesmente convidar o Silêncio
a responder todas as questões.
Nem isso, nem aquilo.
Um "Encontro de Budas"
onde aquele que
assume a Verdade,
a derrama em palavras,
em Silêncio
e aqueles que "pensam-se"
separados disso,
percebem-se inexistentes,
quando inundados pelo Eterno.
Na presença do Sem-Nome,
do Sem-Forma
nada mais permanece.
Quando há luz
não existe escuridão.
Aqui e Agora
é o seu habitat natural!
Permitir que isso seja
re-conhecido e realizado
é a proposta deste Encontro.
"O confronto, o
'Encontro com a Verdade'
cria a clara visão de que
você não pode conter o Vazio
e você se rende
a estar contido por isso
que é maior do que você.
Nessa rendição você se torna
de verdade o Oceano.
E a gota,
a idéia que você tinha de separação,
se desmancha."

Satyaprem .

Em frente ao mestre.

Satsang é Revelação, para aqueles que cansaram de buscar por respostas e só encontraram mais perguntas ou estados de êxtase passageiros.
Estando diante daquele que "realizou", o encontro é transmitido de maneira misteriosa - eis o significado da palavra Místico: aquele que sabe do mistério e o transmite simplesmente com sua presença.
Diante da luz não há escuridão e torna-se evidente aquilo que é verdade e aquilo que é mentira sobre o que realmente somos.
Um mestre é aquele que compartilha a Verdade, revelando-a única e singular a todos nós.
Apenas esteja presente. Permita-se! E todos os seus questionamentos serão confrontados.
Através das palavras Satyaprem nos guia rumo ao desconhecido: o mundo do silêncio como matriz de todos os sons, pensamentos e emoções, o qual sempre esteve presente, porém, oculto por idéias emprestadas e nunca comprovadas.
Dar-se conta do engano e reconhecer o Mistério é a proposta de Satsang. Isso é estar diante de um iluminado.

Já és!

A verdade a respeito de quem você é
está totalmente acessível a você.
Ela já é sua!
A única coisa que impede
que você veja é você mesmo,
com as idéias que você tem ao olhar
para aquele que busca a verdade.
As idéias têm que ser todas testadas
no fogo da verdade.
Praticar alguma coisa ou olhar
em algum outro lugar significa a negação
de que você tenha aquilo que
você está buscando, e não é verdade!
É exatamente assim que o Buda morre.
Você o mata quando você diz:
'Eu não sou um Buda'.
Você está mentindo,
categoricamente mentindo!

Satyaprem.

Eterna presença

Pensar cria identidade, tempo, distância.
O silêncio revela quem você é.
No inicio, a presença aparece como um visitante,
parece vir e ir.
Mas, não há porta.
Quando tudo pára, ela emerge.
Ela sempre está presente.
A presença é o presente!
O convite desse encontro
é tornar visível a presença da presença
a todo instante.
Não há nada fora. Nada!
Você é a presença silenciosa.
E a presença não é uma memória,
está sempre disponível, agora.
Torne-se íntimo com isso.
Preste-se à atenção!
Proste-se à maestria da presença.

Espelho vazio.

"Esta é a mente de um buda. Estás diante dele, e ele fica repleto de ti. Tu te vais, foste. Nem uma só lembrança fulgura. Um espelho não tem passado, e também um buda não o tem. Um espelho não tem futuro, e um buda também não o tem." Osho "Tantra - A Suprema Compreensão"
No mais íntimo do ser, nada acontece. É só paz, silêncio. Na periferia, tudo acontece. O eterno fenômeno do vai e vêm, acontecendo e des-acontecendo.

A noite sucede o dia e vice-versa. A única certeza é a diferença, sempre o novo, sempre outro. A primavera, o verão, o outono, o inverno, sucessão de eventos, Experiencias. Tudo sendo percebido. E aquilo que é percebido não é o que percebe. Vem o amor e vai. Vem o medo e vai. Passa um pássaro. Passa o passado. Passam nuvens e o céu permanece impassível, silencioso.

Assim, um espelho vazio,o ser observa o eterno movimento dos ventos e das velas. Um em tudo.

Experiência zero.

"Shunyam: Significa a Experiencia zero. Significa o ponto onde voce está em lugar nenhum, ninguém, sem nome, sem identidade, sem forma; nem positivo, nem negativo, mas exatamente no meio - a Experiencia zero. Isso é samadhi - a suprema meta de todas as meditações."
Osho - The Passion for the Impossible



"Este espaço tem que ser degustado muito bem, bem digerido para que comece a circular no seu sangue. E quando a Experiencia zero começa a circular no sangue você vai sentir-se muito calmo, muito centrado... no mundo e assim mesmo longe dele."
Osho - The Zero Experience

Um encontro para provocar a experiência da não-experiência, o ponto zero.
Onde o tornar-se, o "mudar", é irrelevante e errôneo, por você ser o que você procura.
Onde a realização e aceitação de "quem você é" é essencial.
É o ver a realidade como ela é, onde tudo o que é irreal, ilusório, desaparece. É a verdade como luz.
A escuridão como ilusão.
É o ser aqui e agora quem você realmente é, além de todas as idéias, por mais belas ou horrendas que elas sejam.
Afinal de contas, são apenas idéias "de quem você seja".
E VOCÊ não é uma idéia, você é a vida em toda a sua imensidão e beleza. Basta o reconhecimento em totalidade.


Satyaprem.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na órbita do silêncio - Satyaprem

Para a Consciência, o errado também é certo. Existimos apenas no tempo. Somente antes e depois há um "eu" - nunca no agora. No depois, apenas dizemos o que fizemos, mas enquanto estava acontecendo não havia você fazendo, porque você não existe fora do tempo. Enquanto entidades, só existimos na mente, no tempo. No momento presente, enquanto as coisas estão acontecendo, você não está presente.

Não é você quem está respirando. Você só nota que está respirando, depois que a respiração aconteceu. E, num nível mais profundo, isso é verdade. O seu cérebro nunca sabe o que está acontecendo em tempo presente, porque ele nunca está em tempo presente. Ele precisa de tempo, ainda que minúsculo. Se vê isso, uma grande carga de culpa e uma grande carga de orgulho caem por terra. Porque você se dá conta de que não está fazendo absolutamente nada.

Você pode até torturar a si mesmo, tentando administrar o seu conteúdo inconsciente, mas saiba que é um esporte. Uns jogam Tênis, outros chafurdam no conteúdo inconsciente. Sinto muito em dizer assim, porque a mente coloca grande ênfase em remover o conteúdo inconsciente. Isso acontece, porque nos foi dito que se removermos o conteúdo inconsciente, nos tornaremos mais conscientes. Mas, se olhar de perto, você vai ver que é o ego que está metido profundamente nessa cilada. Somente em termos comparativos, existe você e o outro. Em realidade, não há mais ou menos Consciência. Olhando através de Satsang, como você pode ter menos Consciência que eu, quando não existe nem eu nem você e só existe Consciência?

Se você se ausenta enquanto ego, como uma espécie de administrador dos seus atos através de uma vontade, você simplesmente funciona como deve ser. E, com o ímã do Silêncio, você tende a orbitar ao redor dele. Essa órbita é perfeita em si. Querer que se estabeleça imediatamente, vem do impaciente você. Quanto mais se dedica à viver a Verdade proposta pelo Silêncio, você vê que o Silêncio, ele próprio, não tem a mínima pressa em virar Silêncio, simplesmente porque ele já é.


Satyaprem.

Entrevista Satyaprem

 
Satyaprem, o "Encontro com a Verdade" parece o fim da linha. Com o encontro parece que acaba, que se chega a um ponto final. Isso é um início, na verdade?
Satyaprem - Isso é um início, não é um ponto final. É o ponto final da Busca. Agora você não está buscando absolutamente mais nada. Agora você encontrou e a vida se desenrola de uma outra forma.
E esse encontro ele se dá de várias formas? Agora eu falo das linguagens. Tem a música, a poesia... etc e tal. Então, são várias formas, vários caminhos de acontecer o "Encontro com a Verdade"?
Satyaprem - É, pode-se dizer assim, mas na verdade não tem uma forma. O "Encontro com a Verdade" é o que estou chamando de Satsang. É uma forma de encontrar e discutir, por exemplo, qual é o conteúdo da sua mente e o que está dentro dela. Digamos que você preze algumas coisas na sua mente, essas coisas devem ser checadas, contra a realidade do momento. Se nesse momento essas coisas que você pensa, que você acredita, não têm fundamento, você, então, se rende ao momento e a esse Vazio que fica criado. Se eu tiro coisas de dentro de alguma coisa, eu vou tirando e vou ficando com a aquele espaço totalmente vazio. A busca de todas as pessoas que meditam é ficar cara a cara com o Vazio. E não só isso: se entregar ao Vazio. Mas as pessoas querem sempre permanecer um alguém e tornar o Vazio um objeto dentro da idéia de quem elas sejam. Ou seja, "Eu quero ter o Vazio". Mas você não pode ter o Vazio, o Vazio é que tem você, você ter o Vazio é impossível. Então o confronto, o "Encontro com a Verdade" cria, na verdade, a clara visão de que você não pode conter isso que é maior do que você, e você se rende a estar contido nisso que é maior do que você. Nessa rendição você se torna o Oceano. E, ao avesso, a gota que você era, a idéia que você tinha de separação é descabida, ela se desmancha.
E ao longo do livro "Quem é você", o que temos é Satsang?
Satyaprem - Isso. O livro é uma coletânea do que chamamos de pérolas, são momentos dentro de Satsangs. Por exemplo, eu falo com você durante um final de semana inteiro, nós conversamos e dessas falas nós retiramos momentos que são essas pérolas que você está vendo. Isso não é escrito, nem é editado, foi tirado como foi dito. Isso é um verbatim de um Satsang ao vivo e a cores. Você vai ter contato direto com as palavras proferidas desse jeito. Não foi editado. Não é poesia, não é literatura, é Satsang.
O professor José Moura, que é nosso ouvinte assíduo, ligou agora colocando uma questão para você. Ele diz que o Budismo, o Existencialismo e Sócrates dizem que só dentro de si mesmo pode-se encontrar a verdadeira personalidade. Assim, ele quer saber como você aproveita isso, como você liga essa colocação com a ontologia, o Tratado do Ser. E, também, qual é o ritual que você utiliza para encontrar o verdadeiro Ser?
Satyaprem - Veja bem, o que você colocou como vindo do Budismo, Existencialismo e Sócrates, todos apontam para a mesma coisa, corretamente. Qual é o ritual que eu uso para a pessoa chegar ao Ser? Bom, a minha primeira pergunta para você é: "O seu Ser é algo separado de você? O seu Ser é uma idéia que você tem de alguma coisa que está em algum lugar?" Isso significa, simplesmente, que você assumiu uma dualidade. Essa dualidade é fantasiosa, ela é criada pela sua mente. Não há ritual nenhum, só há um entendimento a ser feito. Onde está o seu Ser e qual é a idéia que você tem dele? Essa idéia pode ser descartada. E se nós descartarmos essa idéia vamos ficar com alguma coisa. E essa "alguma coisa" que fica, naturalmente, é aquilo que você já é. Então você tem de estar pré-disposto, pronto para descartar completamente qualquer idéia que você tenha a respeito do seu Ser.
Quando se fala "Ser", muitas pessoas já interpretam isso: o Ser como Deus. Se nós estivermos no paradigma cristão ocidental, Deus é algo que está num outro lugar, nas nuvens, e eu não sou Ele. Então eu tenho que promover um ritual qualquer para fazer um encontro entre eu e Ele. O problema é que isso tudo é infantil, não tem nenhum Senhor com barbas longas olhando sobre você. Essa idéia toda tem que ir por terra, você tem que ver que isso é uma idéia e que ela é mal feita. Na verdade, Sócrates não fala nada disso, o Existencialismo tampouco e o Budismo muito menos.
Um ritual seria uma ponte entre "A" e "B". Só que na minha presença nós vamos olhar o seguinte: quem é "A" e quem é "B"? Se forem apenas idéias, o ritual perde totalmente o sentido. Então, eu não tenho ritual nenhum, de verdade. O meu negócio é simplesmente conversar com você e ver se aquilo em que você acredita pode ser experienciado no aqui e agora, se você tem como provar para mim que tudo aquilo que você pensa é verdade. E se não é, descarta. Porque só aqui e agora existe, não tem nenhum outro tempo, não tem passado, não tem futuro, nós estamos aqui e agora.
Não pensa e me diz, nesse momento, rompendo todos os limites da sua mente o que você vê? Ou seja, ser uma mulher significa o que? Significa viver de acordo com o que lhe disseram. Mas, a minha experiência direta, interna, em relação a "quem eu sou" não é ser uma mulher. O Ser não tem gênero, o Ser não tem tamanho, tampouco. Tudo isso é algo errado. Tudo aquilo que nos disseram é o que vive como sendo verdade e nós vivemos em busca de coisas que foram totalmente impostas de fora para dentro.
Seriam limitações do Ser?
Satyaprem - Não. São limitações da mente. O Ser é ilimitado, não tem como limitar o Ser.
Limitações, então, para tornar o Ser cabível/entendível?
Satyaprem - Isso. E é aí onde você se aliena do seu Ser. Porque você vive imaginando uma coisa que seja o seu Ser, mas que não é. Inclusive a idéia de olhar para dentro, por exemplo, é uma falácia. Como é que eu olho para dentro? Onde é dentro? Você sabe onde é dentro?
A primeira idéia que me vem sobre "dentro" é de uma coisa meio física, dentro do corpo mesmo.
Satyaprem - Pois é, essa já é uma idéia errônea. Porque dentro do seu corpo só tem fígado, rins, coração... órgãos. A sua Consciência não está dentro do seu corpo. O "dentro", no nível do Ser, da Consciência é outra coisa completamente diferente. Em Satsang nós elaboramos isso. E não é para você pegar um novo conteúdo. É investigar a linguagem que já temos para ver se ela é palpável numa experiência pragmática. Porque não é. A nossa avó diz que estamos dentro do corpo e que quando morrermos vamos sair dele, vamos para uma salinha e ficamos esperando um próximo evento para entrarmos num outro corpo e continuar aprendendo. Oras! Ninguém aprende nada. Se nós tivéssemos aprendido o mundo não estaria do jeito que está.
Desse jeito, o único momento em que estamos dentro de alguma coisa é quando estamos no útero da mãe, não é?!
Satyaprem - Ainda assim, mesmo quando você está dentro do útero da sua mãe, é o seu corpo, e não você. Você não está dentro de nada, nunca esteve e nunca vai estar. Mas tudo está dentro de você.
Já está acontecendo aqui, então, a experiência do Satsang?
Satyaprem - Essa era a proposta.
E a "Experiência Zero"? Como podemos fazer/ter uma experiência dessas: a experiência da não-experiência?
Satyaprem - Já estamos falando da "Experiência Zero". "Experiência Zero" é um codinome. Eu lendo, me dei conta que Buda, na verdade, dava Satsang. Satsang significa encontrar aquilo que não pode ser encontrado. Olha o paradoxo. Porque você não pode encontrar aquilo que está querendo encontrar? Porque aquilo já está encontrado, aquilo já é verdade em você. Mas está encoberto por uma série de pensamentos e idéias de fórmulas... Essas fórmulas todas deixadas de lado e você tem a experiência do Vazio. O Vazio não é uma coisa. Você pode ter a experiência de um copo d'água, você pode ter a experiência de um som, você pode ter a experiência de um objeto que você vê, de um objeto que você toca, ou seja, a experiência significa o filtro dos sentidos com as coisas que estão fora do corpo. O seu Ser não está fora do corpo como um objeto então você não pode ter uma experiência do seu Ser porque ele não pode ser tocado, não pode ser ouvido, não pode ser visto, não pode ser provado. Sendo assim, "A Experiência Zero" é o seguinte: é ter uma experiência direta, ou seja, uma experiência de uma forma completamente distinta das formas que você normalmente experiencia as coisas. É chamado de "Experiência Zero" por falta de uma expressão melhor. Mas na verdade é o seguinte: a sua Consciência tendo consciência de si mesma, não via mente, não via olhos, não via ouvidos, não via toque.
E esse encontro acontece numa conversa? É através do quê? Como se dá o encontro?
Satyaprem - Se dá como estamos fazendo agora. Conversando.
Dessa forma?
Satyaprem - Exatamente. Nós vamos conversando, você se abre e fica claro para você que estamos indo de encontro às suas crenças. Tudo aquilo que você imaginava pode ser só imaginação. E, em verdade, é tudo imaginação. E o seu Ser não é imaginado, não pode ser imaginado, nem tem como imaginar. Ou você O vê como Ele é, ou você fica imaginando coisas que não têm nada a ver.
Se nós vivemos nesse mundo da imaginação, e milhões de nós, no mundo inteiro...
Satyaprem - Estão imaginando...
Isso. E aí, como é que fica para viver?
Satyaprem - Eu que pergunto a você: como é que você pode fazer essa pergunta se você está vendo o mundo do jeito que está? O conflito existe porque nós imaginamos uma série de diferenças. Por exemplo, por que Israel está brigando com a Palestina? Porque eles imaginam-se diferentes uns dos outros. Essa imaginação cria conflito. Então, a sua pergunta deveria ser o reverso. Você deve se perguntar o seguinte: como você pode querer continuar vivendo imaginando coisas, se essa imaginação só nos leva à destruição, à discórdia, ao conflito? Reverta a sua pergunta e faça ela para você mesma. E você me responde...
(Risos)
Satyaprem - Responda-me agora: como é que podemos continuar imaginando? Está na hora de pararmos de imaginar e começarmos a Ser, de verdade. E nesse "Ser" cria-se um ambiente completamente seu. Ser é paz, ok? Ego é discórdia, ego é conflito. E veja só: tem uma ideologia por trás disso. A ideologia psicológica ocidental diz que: "você não pode concordar com todo mundo". O que está implícito nisso inconscientemente? Que você tem que discordar de todo mundo, necessariamente, para ser você. Em Satsang, você ser você significa exatamente concordar com todo mundo, porque todo mundo é você, você é idêntico a todo mundo. Então, existe um reverso aqui. Assim, eu te faço uma pergunta: como você quer continuar vivendo num mundo imaginado que cria tanta destruição, tanta desigualdade?
É mesmo, não é?! E eu vou saber te responder?
Satyaprem - Não sei. É exatamente assim que começa "A Experiência Zero". Nós temos crenças... E, veja só, se eu parto do princípio de construir uma casa eu não posso começar pelo telhado, eu tenho que começar pela fundação. Se a fundação não está boa, a casa não vai ficar boa nunca. Ela vai estar sempre caindo. É assim que estamos... As nossas casas estão sempre caindo.
O que eu fico refletindo é que ficamos imaginando que somos diferentes uns dos outros, mas, na verdade, isso não existe dessa forma. E há uma tendência hoje alardeada, por sinal, sobre as diferenças. Tem essa imaginação que é ruim, que leva à guerra, aos conflitos e isso tudo. E tem também o outro lado que é fazer uma propagação disso como uma coisa boa. Quer dizer: "Nós somos diferentes, portanto, isso é uma coisa muito boa".
Satyaprem - E onde repousa a sua diferença de mim? Repousa no conteúdo da sua mente, no conteúdo das suas experiências. E essa diferença é falsa, ela é imaginada.
É tudo falso, então?
Satyaprem - Tudo falso. Na verdade, você veio do pó e vai para o pó. Tudo a mesma coisa. Se você é rico, se você é pobre, se você é inteligente, se você tem conteúdo mental, intelectual ou se você não tem. Todos vamos para o pozinho. Então, ficar vazio, sem nada nas mãos é o ponto. Isso é Satsang, de verdade.
O professor José Moura está querendo continuar a conversa e pergunta se o que você fala é a negação de toda a cultura instituída, para substituir por novas crenças.
Satyaprem - Não.
E ele ainda pergunta que novas crenças seriam essas?
Satyaprem - Não tem novas crenças. Ele citou Buda, Sócrates e o existencialismo (que eu não ponho no mesmo patamar de Buda, nem de Sócrates). O existencialismo é uma filosofia inacabada, incompleta, não tem uma experiência de transcendência. Mas veja bem, Buda não foi aceito nem na Índia. A semente que Buda deixou foi nascer nos países mais orientais que a Índia, foi para o Japão, para a China e para a Indonésia. Foi lá que floresceu o Budismo. Na Índia hoje não existe Budismo, por quê? Porque já havia uma tradição e Buda era contra essa tradição. Sócrates foi envenenado porque estava propagando o "Encontro com a Verdade" e a sociedade hipócrita grega, naquele momento, não queria esse confronto. Eu não estou propondo novas crenças. Como eu poderia vir aqui e propor novas crenças? Nós não precisamos crer em nada para viver.
Eu comecei o programa e falei simplesmente que estava com o Satyaprem, e não fiz aquela apresentação tradicional, que costumamos fazer das pessoas. Falar o que elas fazem pelo mundo a fora, suas formações, etc, etc, etc... E têm muitas coisas aqui relativas à formação, às experiências do Satyaprem.
Satyaprem - Melhor nem ler... (Risos)
(Risos) Mas, entre elas, duas, especialmente, eu gostaria que você falasse sobre, brevemente: seu encontro com Osho e o seu encontro com Dolano, onde consta que lhe foi revelado o "fim da busca". Você pode falar para nós um pouco desses dois encontros? Se é que é possível, em tão pouco tempo?
Satyaprem - Ok. Quando eu encontrei o Osho me foi revelado exatamente o que Dolano me revelou. Mas não havia prontidão, eu não estava maduro o suficiente para reconhecer a responsabilidade de assumir a Verdade do jeito que ela tinha sido posta. O Osho me deu um nome, Satyaprem, que significa "Amor pela Verdade". Quando ele me deu esse nome, eu lembro que eu não gostei nem um pouco, porque parecia... sei lá! Amor e Verdade... Era algo que não caía bem a mim. Eu queria um nome mais poético, tipo "O poeta do Nada". Eu tinha amigos com tinham nomes tão bonitos, e eu achava tudo aquilo muito lindo. O Osho me chama de "Amor pela Verdade"... Eu fiquei desapontado. Mas aí eu comecei a me dar conta... no texto que veio junto com meu nome tinha o seguinte (era bem simples): "Você é a Verdade, não a procure em lugar nenhum". Eu olhei para aquilo e disse: "Ah, tá! Mas eu tenho que continuar meditando, eu tenho que fazer alguma coisa". Teria bastado naquele instante, se eu estivesse pronto, mas não bastou. No meu encontro com a Dolano , que é uma discípula do Osho que se iluminou, houve exatamente essa visão: de repente não tem nada, só tem a Verdade. Não tem nada! Não tem "eu" em lugar nenhum. A idéia de que exista um "Satyaprem", uma entidade separada é totalmente errônea. O que chamamos de Consciência, emana o que vemos como sendo o "Satyaprem". Mas, "Satyaprem" não existe. Na verdade, ele existe como um acontecimento no tempo , mas a verdade é que você não é um acontecimento no tempo, nenhum de nós é. Quando uma pessoa "acorda" para essa verdade, começou aí o "fim da busca". Agora a vida se desenha de uma forma totalmente diferente.
Satyaprem, muito obrigada!
Satyaprem - Eu que agradeço


INOCÊNCIA -

INOCÊNCIA -
AS FOTOS SÃO DE UMA GAROTINHA CHAMADA TIPPI, NASCIDA EM NAIROBI, ÁFRICA EM 1990. CRESCEU NA SELVA COM SEUS PAIS, QUE SÃO FOTÓGRAFOS FRANCESES DA VIDA SELVAGEM. ELES DOCUMENTARAM A VIDA DE SUA FILHA COM OS ANIMAIS.


UM VAJRA-MANDALA LAMAICO

UM VAJRA-MANDALA LAMAICO

Permanecer, transparente

Permanecer, transparente

Retiro em leela

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Satyaprem

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A Deriva

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enxergando

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Contemplação

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Mente

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Estátua Khajuraho

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Khajuraho

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Templo Khajuraho

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